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terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Número Mágico do Ciclismo




O homem da foto acima ganhou a competição de ciclismo mais prestigiosa do mundo sete vezes por uma série de fatores. Dentre esses, um conta especialmente por tratar-se de um quociente, e portanto algo palpável, mensurável e analisável (embora dificilmente repodutível). Lance Armstrong, antes de ser o homem do Sete, foi o homem do Seis Vírgula Sete.

Esse último número, nas esferas do ciclismo competitivo, é mágico. Determinado pelo (in)famoso Druída Michele Ferrari, 6,7 serve como limite entre dois grupos: o dos ciclistas mortais, que inclui recreativos, medianos, bons, excelentes, profissionais e profissionais muito bons, e que se encontram todos abaixo dele. E outro, que resume-se aos aberrantes - aqueles que tem condições de ganhar um Tour de France, por exemplo, e que se encontram dele para cima.

Mas o que, exatamente, esse número significa? Porque ele é mágico?

Basicamente, ele é mágico porque tem o poder de transformar uma camisa de ciclismo de qualquer cor em amarelo.

Olhando sob o ponto de vista matemático, 6.7 é a razão entre o limiar de potência (definido como produção de potência constante máxima durante um tiro de 20 min - 5%.) e o peso do atleta. Como exemplo, Lance Armstrong, no auge de sua preparação para o TdF, chegava aos 450 Watts durante 30 minutos, pesando 67.5 kg. Isso resulta em uma relação peso x potência de - adivinhem - 6.7 Watts/Kg. O Santo Graal do ciclismo só era acessivel portanto, ao menos nessa época, de 6.7 para cima.

Por outro lado, analisando de maneira simplificada, 6.7 Watts/Kg significa que para tornar-se um ciclista capaz de vencer nas etapas decisivas de um Grand Tour - o contra-relógio e os estágios de alta montanha - o ciclista deve produzir a maior potência possível e conservar-se ao mesmo tempo o mais magro possível.

Morfo-fisiologicamente então, o ciclista perfeito teria a potência de Fabian Cancellara e o biotipo de Paul Tergat. O problema nessa análise é justamente encontrar o ponto de equilíbrio entre ficar magro o suficiente para beneficiar o quociente entre peso e potência sem perder massa muscular e sem reduzir a imunidade. Por essas e por outras, os ciclistas com chances de ganhar o Tour costumam dizer que antes dessa prova eles tentam manter-se na beira do precipício físico - de preferência sem escorregar e cair dentro dele.

Porém, como o universo acima de 6.7 Watts/kg pertence ao campo das exceções, ele serve aqui no máximo para ilustrar um raciocínio e demolir pretensões. Em termos práticos, o que interessa para o ciclista ou triatleta normal é saber se a relação entre seu peso e sua potência tem muita ou pouca importância para o tipo de provas que ele escolheu e, a partir daí, procurar aumentar essa e diminuir aquele até chegar no ponto de equilíbrio.

Em princípio, para provas de ciclismo de estrada, especialmente as voltas, que incluem etapas de circuito, contra-relógio e estrada não planas, essa relação é muito importante já que determina a capacidade do ciclista em tomar as rédeas da prova sem a ajuda do pelotão ou do benefício do vácuo (CR e subidas).

Já para contra-relogistas puros, imaginando que as provas de CR tem percursos que raramente são somente de subidas, a importância maior passa a ser da potência em si, já que o peso "extra" do atleta em subidas de menos de 6 graus de inclinação (em média) pode ser compensado pela aerodinâmica e pela produção de potência em si. Por essa mais do que por outras, Cancellara ganha muitas provas de CRI, embora provavelmente nunca venha a ganhar o TdF ou um estágio de montanha.

Da mesma maneira, triatletas em geral não são tão penalizados por uma relação peso x potência pouco favorável, especialmente nas provas planas ou semi-planas, que são abundantes e para as quais a potência em si tem um peso maior. Somente naquelas com subidas duras e longas (Monaco, Lanzarotte) é que a necessidade de eliminar todos os quilos extras a fim de ter um melhor desempenho iria aparecer. Por isso, para fins de triatlon e CR em geral, uma bike aero vale mais do que uma bike leve....

Falando em termos genéricos, um fator de 4Watts/Kg em esforço de limiar é considerado um número muito bom para amadores. Assim, se você pesa, digamos, 75kg e tem um limiar de potência na casa dos 300Watts, suas chances de sucesso em provas de ciclismo e triatlon amador são razoavelmente boas. Se estiver abaixo disso, dois caminhos: perder peso ou aumentar seu limiar de potência. Afinal, o número pode ser mágico, mas para chegar até ele é preciso muito, muito mais que um passe de mágica.

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Como curiosidade, algumas tabelas interessantes sobre o assunto:


Nessa primeira, como trata-se de uma distância curta na qual o ciclista opera acima do limiar de potência, o fator ultrapassa os 6.7 na maioria dos casos.



Nessa outra, o que se refere ao número 6.7 é a coluna com FTP. Também é possível notar que quanto menor a duração do esforço, maior o quociente devido ao aumento da potência.



E para quem quiser informar-se mais sobre o assunto, o melhor site que conheço é o do próprio Dr. Ferrari - www53x12.com

domingo, 6 de novembro de 2011

O primeiro atleta de Portugal a competir no Ultraman

Antônio Nascimento será o primeiro atleta de Portugal a competir no Ultraman, uma prova com 10km de natação, 420,6km de bicicleta e 84,3km de corrida.

O mundo da banda desenhada teve pelo menos duas personagens chamadas Ultraman. Mas o herói desta história chama-se Antônio Nascimento e é de carne e osso. No ano que vem, vai lidar com um desafio que não está longe de exigir superpoderes. Ele propõe-se cumprir dez quilómetros a nadar, 420,6km de bicicleta e 84,3km a correr em três dias. Será numa competição chamada Ultraman, que se realiza no País de Gales entre 1 e 3 de Setembro de 2012.

Coragem, em galês, até nem é uma palavra muito complicada: dewrder. E vai ser necessária toda a coragem para superar os mais de 500 quilómetros da prova. As inscrições no Ultraman são limitadas a 35 participantes e só se entra por convite. Antônio Nascimento foi um dos escolhidos. Tem experiência de triatlo (1,5km de natação, 40km de ciclismo e 10km de atletismo) e Ironman (3,86km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida). Agora, quer tornar-se um Ultraman.

"Era um projecto guardado há muito tempo. Tenho 41 anos e estou superbem, tanto na parte mental como física. É a hora certa para fazer a prova", confessa, em conversa com o PÚBLICO. Nascido em Florianópolis, no Brasil, chegou a Portugal em 2008. Agora, prepara-se para ser o primeiro representante português (vai ter a nacionalidade a tempo da prova) num Ultraman.

Geralmente, o dia começa com uma corrida de 13 quilómetros entre Oeiras (onde mora) e Alcântara (onde trabalha). "Estou a trabalhar numa base de treinos bidiários. De manhã treino a parte muscular, numa modalidade específica: corrida, natação ou ciclismo. E à tarde faço um volume um pouco maior", descreve Antônio, que prevê fazer "um mínimo de quatro horas de treino diário" ao longo do ano que tem para se preparar para a prova. No final da semana em que falou com o PÚBLICO, por exemplo, tinha feito 80 quilómetros de corrida e quase dez quilómetros de natação, prevendo começar em breve os treinos de bicicleta.

"Era um miúdo fraquinho"

Antônio é apaixonado por desporto. "É a minha vida. Sinto falta se não fizer actividade física. Fico mais cansado ao estar na cama até às 9h ao domingo de manhã do que a acordar às 6h para dar uma corridinha. Fico irritado, frustrado, com dores no corpo inteiro", reconhece, explicando que vê a actividade física como "uma forma de relaxar".

"Sou atleta desde miúdo. Comecei a fazer judo aos sete anos, porque tinha um problema de saúde. Era um miúdo fraquinho. O médico aconselhou que eu fizesse um desporto. O meu pai conhecia um professor de judo e levou-me", recorda. E assim tudo começou. Mais tarde passou para o jiu-jitsu, tornou-se profissional e conquistou vários títulos de campeão. Como parte do trabalho físico, praticava corrida e triatlo. E quando deixou o profissionalismo, dedicou-se aos projectos que tinha guardados: primeiro o Ironman, agora o Ultraman.

A primeira participação num Ironman foi uma experiência muito emocional. Foi algum tempo após a morte do pai, em 2001. "Quebrei um pouco. Fiquei meio perdido, queria parar de fazer desporto", confessa, com a voz embargada. Mas um amigo inscreveu-o na prova, para homenagear o pai, e ajudou-o a preparar-se. "Completei bem a prova". E não parou mais.

Para além do trabalho físico, Antônio leva um estilo de vida regrado que ajuda a superar provas difíceis como um Ironman ou Ultraman. "Nunca bebi álcool na minha vida e procuro controlar bastante a alimentação. Sou muito determinado e cuido-me muito. Às vezes até me tento regular para não ser tão certinho. Sou um senhor de 41 anos com a cabeça de 60", sublinha com uma gargalhada.

Investimento de 15 mil euros

Mas por muito que cuide e trabalhe a parte física, Antônio reconhece que o aspecto mental é essencial para superar a dor e completar um teste da magnitude do Ultraman. "Procuro encontrar um equilíbrio e concentrar-me nas razões por que estou a fazer a prova. Vou estar muitas horas a fazer actividade física e é importante conseguir encontrar algo que te liberte durante a prova, para não estares sempre a pensar nos quilómetros que faltam", aponta.

Pensar na família, por exemplo, é uma das estratégias de Antônio. "A minha mãe está no Brasil e está empolgadíssima, liga-me para lhe contar como correm os treinos", conta. E a esposa vai estar bem perto dele durante a prova. Meire Cezário é fisioterapeuta e integra a equipa que vai acompanhar o atleta durante o Ultraman, que conta também com uma nutricionista, um director técnico e um director-geral.

Descontando as despesas com equipamento, que vai ser oferecido pelos patrocinadores, Antônio Nascimento reconhece que esta participação vai ser uma aventura cara: "Cerca de 15 mil euros", estima.

Um investimento que Antônio faz com o objectivo de "inspirar as pessoas em tempo de crise". "Quero passar o exemplo para as pessoas. Elas podem fazer tudo o que imaginarem, com preparação específica e determinação. O importante é as pessoas terem um objectivo, porque há gente que não sai do sofá para nada", acrescenta o atleta, dando como exemplo alguns dos seus alunos, que "passaram de sedentários a ultramaratonistas em muito pouco tempo".

Para os inspirar, Antônio quer ter um bom desempenho no País de Gales. Os melhores tempos dão o apuramento para o Ultraman Hawai, onde tudo começou, em 1983. E o atleta luso-brasileiro acredita que pode consegui-lo. Dewrder, dizem os galeses. Vai ser preciso coragem.

Regras: começar a nadar e acabar a correr duas maratonas

A prova vai decorrer entre 1 e 3 de Setembro de 2012, no Norte do País de Gales. "No primeiro dia faz-se dez quilómetros de natação e 144,8 de bicicleta. Há uns tempos limite para se passar para a fase seguinte. Tenho que nadar em menos de seis horas e tenho de pedalar em menos de 12 horas", explica Antônio Nascimento. Os atletas que ultrapassarem os tempos limite para a conclusão de cada segmento da prova serão eliminados. "No segundo dia, pedalar os 275,8 quilómetros em menos de 12 horas. Na última etapa são os 84,3 quilómetros, duas maratonas, igualmente com um limite de 12 horas", conclui o atleta luso-brasileiro.

Noticia retirada do jornal Publico

sábado, 5 de novembro de 2011

Parar é morrer !!!!

Quase 2 meses sem ir a piscina ontem fui nadar 1500M em 30 minutos. Mas depois de uma paragem tao grande sem fazer praticamente nada a diferença é muita, parece um motor de um carro velho emperrado e ferrugento.
Boa sorte para todos os amigos que amanha vão a invicta desfrutar de um dia cheio de desporto e boa companhia...
Até breve.